A mulher da nova era não quer ser mãe
- Bárbara Oliveira
- 23 de set. de 2015
- 5 min de leitura
O Let's talk é um blog totalmente democrático, ao mesmo tempo em que defendemos a amamentação, defendemos (e respeitamos) também a escolha de cada um. Tendo isso em mente, e sabendo que eu quero trazer cada vez mais diversidade de opiniões para nosso leitores, comecemos esse post porque eu estou muito ansiosa!!!!
Talvez nós já tenhamos passado da época em que escolher não se casar era uma polêmica, já é claro que a mulher moderna, e assim eu quero dizer como no título: a mulher da nova Era, vem tendo o seu perfil moldado de uma forma bem independente. Não é nenhuma novidade que nós hoje estudamos, trabalhos, conquistamos posições de liderança no mercado de trabalho, somos o sustento de nossas família e agora, talvez a evolução mais importante é que conseguimos alcançar a independência da felicidade. Apesar de nossas várias conquistas ainda nos vemos presas pelo preconceito, pela intolerância e pelas opiniões arcaicas, ainda não somos completamente livres.
Então eu entendo que esse assunto desperta dezenas de opiniões contrárias, principalmente aquelas que se baseiam na religião, mas aos poucos queremos que todos entendam de uma vez por todas que nosso livre arbítrio é um direito, uma obrigação e uma meta.
Não é exatamente incomum a nova geração de mulheres querem cada vez mais não ter filhos, e isso é visto como um absurdo, principalmente pelas próprias mulheres. Os motivos podem chegar de todos os lado: o lado financeiro, o lado da correria e falta de tempo, o tempo pode ter se esgotado ou simplesmente porque não querem
Independente de você achar isso o fim do mundo é algo que não irá mudar, as convicções de cada um já passaram por tantas provações que estamos ficando cada vez mais fortes em nossas defesas argumentativas, existem bilhões de pessoas no mundo e mais da metade querem ter filhos, não existe portanto motivos para você querer convencer alguém a ser mãe sendo que ela simplesmente não sente vontade nem vocação para isso.
Recorrendo a literatura, li recentemente um livro que fala sobre a superlotação, esse crescimento populacional desenfreado que no futuro pode levar a um colapso, esgotando nossos recursos naturais, esse crescimento exponencial tem afetado os países, principalmente do 3° mundo, a economia, a violência, a pobreza, está tudo correlacionado, essa é a chamada teoria neomalthusiana, Sabemos também o quanto os métodos contraceptivos são ignorados ou as vezes nem chegam nas mãos dos mais desfavorecidos, a gravidez indesejada tem aumentado. Porque então condenar essas mulheres, essa parcela que fez tal escolha e segue a vida normalmente, sendo felizes e sentindo-se realizadas consigo mesmas.
Talvez não seja relevante, mas eu pretendo um dia ser mãe, portanto eu trouxe a blogueira Erica Oliveira para conversar conosco sobre esse assunto, alguém que tomou essa decisão e possa esclarecer tudo por traz das escolhas dela, quem sabe assim comecemos a aceitar o diferente que pode nem ser tão diferente.

"As pessoas, principalmente mulheres, falam muito em ser mãe e a dádiva que é tudo isso. Mas e aquelas que não querem filhos?
Eu sou uma delas e fico me perguntando se não temos lugar nesse mundo tão matriarcal.
Desde criança nunca tive vontade de ter filhos, nunca tive o sonho de casar, me vestir de noiva ou coisa parecida. Meu sonho sempre foi ter um bom cargo, sucesso profissional, um título acadêmico e o meu canto sem ninguém me perturbando. Sim! Isso tudo desde criança.
Não gosto de crianças, isso pode assustar as pessoas, principalmente quando quem diz é uma mulher. Mas é sério, odeio a bagunça, odeio o barulho, odeio o coco, odeio fralda, não tenho paciência com a carência infantil, sou extremamente metódica e uma criança só atrapalharia tudo, e quando eu falo tudo é tudo mesmo, nos meus planos não tem lugar para filhos...isso pode parecer monstruoso para quem lê, mas existem mulheres assim!
Prefiro ter 400 reuniões tendo que explicar porque o número x da empresa caiu para todos os diretores da empresa do que trocar a fralda de uma criança. Prefiro ficar horas revirando quilos de papel do que no hospital cuidando do nariz entupido. Prefiro pegar um transito de 4h do que arrumar uma sala toda cheia de brinquedos.
Não tenho o sonho de ouvir papai, mamãe, nem de ver o primeiro dente e muito menos sentir as dores do parto, ou me trancar em casa porque estou chata e com dores. Não gosto de pensar que alguém dependerá de mim para o resto da vida mesmo que tenha 40 anos de idade.
Sou o tipo de pessoa que fui criada para ser uma profissional, e hoje eu não consigo me ver como mãe. Não quero perder tempo cuidando da bagunça de uma criança.Eu me conheço, sei que se tiver que escolher entre levar o filho para o hospital ou aquela reunião de fechamento de mês escolherei a reunião sem nem pensar. Então penso comigo, pra que colocar uma criança no mundo se não darei atenção para ela? Só para dizer para as outras mulheres que tenho um filho? Só para mostrar para o mundo que finalmente usei meu útero para alguma coisa?
Aí ouço muito...mas você um dia se sentirá sozinha, seu corpo um dia vai “gritar” para gerar uma criança...gente, pelo amor de Deus...desde quando preciso de um filho para me sentir completa ou feliz? A felicidade de uma pessoa depende de muitos outros fatores!
Eu sou super feliz com meu mestrado e com minha carreira, e sinceramente não trocaria isso por um filho. Hoje eu não tenho lugar para uma criança na minha vida e não sinto nem um pouco de falta.
Pra que eu trocaria uma premiação das melhores empresas para trabalhar por uma fralda cheia de coco? Ou aquele mega projeto daquela empresa dos seus sonhos por papinha e trocas de fraldas?
Não me veja como um monstro e não pense que sou menos mulher por não querer filho, foi uma escolha que fiz, assim como muitas mulheres sonham se casar com vestido de noiva branco, um véu de 3 metros, recepção no Buffet Torres, decoração de orquídeas, macha nupcial e clarins, e seguir com uma vida dedicada a casa, ao marido e aos filhos. Eu escolhi dedicar minha vida ao trabalho, estudo, viagens, lazer e família. Sim! Sou super família mesmo que esse texto faça você pensar o contrário.
Vivemos em um mundo de escolhas, e eu escolho minha carreira."
Bom pessoal, espero que tenham gostado, que tenhamos esclarecido melhor o assunto que de um modo geral não é só sobre a não maternidade, mas também sobre respeitar as escolhas das pessoas, respeitar a diversidade, e lutar pela liberdade de escolha. Quem escreveu esse post são duas pessoas com opiniões completamente diferentes, eu que quero me casar toda de branco na igreja e ter dois filhos, e a Erica que não se vê com filhos e já encontrou a felicidade sem eles. E ambas são mulheres que dão muita importância a suas carreiras.
Quero agradecer a Erica pela colaboração, por ter nos concedido um pouco do tempo dela. Vocês podem saber mais sobre ela acessando o blog Mulherzinhas S/A.
Deixem sua opinião nos comentários, vamos adorar conversar e debater, não esquecendo de respeitar a Erica que vei de tão bom grado aqui.
Referências de pesquisa:
http://www.infoescola.com/geografia/teoria-populacional-neomalthusiana/
http://nacoesunidas.org/oms-222-milhoes-de-mulheres-que-nao-querem-engravidar-nao-tem-acesso-a-contraceptivos/
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